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Foto do escritorDaniel A. Mello

Osteonecrose do Quadril

Atualizado: 2 de jul. de 2020

Osteonecrose do Quadril, ou Necrose avascular da cabeça femoral, nada mais é que o infarto da cabeça femoral. Assim como o músculo do coração pode sofrer um infarto, a cabeça do fêmur também pode. Infarto se traduz em perda do suprimento sanguíneo de uma região. Ou seja, sem sangue não há nutrientes, ou “alimentos” para as células do tecido em questão.


Por que para de chegar sangue a cabeça do fêmur?


A cabeça do fêmur tem uma irrigação retrógrada. Isso quer dizer que o sangue vai no sentido do pé, e volta para irrigar a cabeça femoral. Sendo assim, algumas doenças que atrapalham o fluxo sanguíneo, podem prejudicar essa irrigação, levando ao infarto do osso. Além disso, fraturas na região do colo do fêmur, região que sustenta essa cabeça, pode lesar as artérias que levam o sangue, o que pode levar ao infarto também.


Quais as doenças mais comuns relacionadas a essa necrose?


No Brasil, as duas principais causas são o uso de medicamentos da família dos Corticoides e o abuso de bebidas alcoólicas. Os Corticoides são hormônios que apresentam função anti-inflamatória (prednisona, deflazacorte, dexametasona, betametasona, e outros). Devido a essa função, são medicamentos muito utilizados para tratamento de doenças reumatológicas como Lúpus, Artrite Reumatoide e Psoríase. Ademais, outras causas incluem Anemia Falciforme, Doenças do metabolismo das gorduras no sangue, alguns tipos de Câncer e algumas fraturas do quadril.


Quais são os sintomas?


Diferentemente do coração, que leva a sintomas quase que instantaneamente, o infarto da cabeça femoral demora a ser sentido. Dessa forma, os pacientes iniciam quadro de dor no quadril com piora durante a noite, piora com alguns movimentos e ao pisar com a perna no chão. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico, mais efetivo pode ser o tratamento.


Quando devo procurar o especialista?


Qualquer dor na região do quadril que piora durante a noite e que não melhore com medicamentos comuns, como dipirona e dorflex. No início, as radiografias são normais. Por isso a suspeita clínica tem que ser feita, para partirmos para exames mais detalhados e com maior poder de diagnosticar a doença precocemente.


Quais exames fazer?


Apesar de no começo não apresentar alterações, as radiografias sempre devem ser feitas, para análise da anatomia óssea do portador. Após as radiografias, o melhor exame para o diagnóstico precoce da osteonecrose, sem dúvida, é a Ressonância Magnética. Esse exame é capaz de diagnosticar com muita eficiência a necrose. Antigamente, fazia-se muito a Cintilografia Óssea, porém a mesma foi substituída pela Ressonância, muito mais específica para esse caso.


Quando devo me preocupar com o rumo da doença?


O grande problema da osteonecrose é a sequela que ela pode deixar. A partir do momento que o osso que segura a cartilagem do quadril morre, a cabeça femoral pode deixar de ser redonda. Chamamos isso de colapso. Com o colapso, a articulação deixa de ser congruente, o que faz o quadril evoluir para uma artrose, ou desgaste, inevitavelmente. Se no seu caso não ocorreu colapso, há grandes chances do seu quadril voltar a ser normal.


Quais os tratamentos mais indicados?


No início, o tratamento mais importante é a retirada de carga. Ou seja, sem pisar com o pé do quadril acometido no chão. Ao retirarmos o peso do quadril, diminuímos a chance de um colapso dessa cabeça.

Os medicamentos antireabsortivos, utilizados para Osteoporose, também podem ser usados. Eles agem impedindo que algumas células reabsorvam o osso necrosado, o que pode minimizar os danos.

Em pacientes com muita dor, uma cirurgia chamada de descompressão pode ser indicada. Essa cirurgia é realizada através de orifícios no osso para drenar o hematoma formado dentro da cabeça. Existem algumas técnicas em desenvolvimentos que infiltram células do próprio paciente, após a descompressão, porém ainda em estudo. Essas células podem ser retiradas do sangue, como o PRP (Plasma Rico em Plaquetas), do aspirado da medula óssea (aspira-se com uma agulha a medula de dentro de um osso), ou do aspirado de gordura. Tanto no aspirado da medula óssea quanto no aspirado de gordura são feitos procedimentos para extração das chamadas células troncos. Essas células, também chamadas de multipotentes, podem se diferenciar em células ósseas, acelerando o processo de cura.


Existe cura para a Osteonecrose?


Antes de mais nada, a osteonecrose é autolimitada. Sendo assim, uma hora ou outra o osso vai se regenerar. O que vai dizer se ficou ou não sequela é o colapso referido acima. Nos casos sem colapso, o paciente volta a ter uma vida bem perto do normal. Em contrapartida, casos que evoluíram com colapso podem evoluir para dores incapacitantes devido a artrose. Nesses casos entramos nas indicações de cirurgia devido a artrose, ou desgaste. Na maioria das vezes esses casos são resolvidos com artroplastias.

Portanto, essa é uma doença rara e que tem fatores de risco muito específicos. Porém, há casos de origem idiopática, ou seja, não conseguimos estabelecer uma causa específica. Mas isso não muda o tratamento. Sendo assim, caso você ou algum conhecido seu reclame de dores no quadril que não melhora, ou que acorda com dor durante a noite, oriente a procurar um especialista. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais chances de resolução sem sequelas da doença.


Um abraço.

Dr. Daniel A. Mello

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